segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

3º Fórum Mundial da Bicicleta - Um Novo tempo

Recebi um convite do meu namorado Kico para participar do III Fórum Mundial da Bicicleta (FMB), que aconteceu em Curitiba na semana passada, nos dias 13 a 16 de Fevereiro na UFPR (Universidade Federal do Paraná) e superou todas as minhas expectativas. Foi uma troca maravilhosa de experiências, trabalhos desenvolvidos entre as pessoas, histórias e buscas.

Eu sempre andei e gostei de bicicleta, mas sabia que poderia existir muito mais além do que o simples fato de andar ou da prática como esporte e sim eu estava certa. E o que me abriu os olhos foi a primeira ciclo viagem que fiz em Janeiro de 2013, exatamente a um ano atrás.

Mas o andar de bicicleta vai além e transcende o que nossa sociedade prega, talvez por que o ciclo ativista esteja às margens da sociedade (somos “marginais”), fora desse sistema imbecil que tenta e às vezes consegue nos oprimir dia após dia.

Foi a primeira vez que andei de avião, aliás, minto foi à segunda, por que da primeira vez eu saltei de paraquedas, pra que seguir a risca o que nos dita o senso comum não é mesmo?

Pois bem, a experiência foi interessante, a única coisa diferente foi o espaço (um teco, teco pra saltar de paraquedas mal cabem duas pessoas) lanchinho, velocidade e altura,oh céus!!Mas me senti criança ali, todo mundo se assustava quando eu dizia que nunca tinha andado de avião (ou quase nunca). Pronto gente incomodada podem ficar menos assustados agora eu não sou um ET afff. Nosso voo marcado para as 7h, nos fez acordar bem cedo e claro, fomos pedalando até o aeroporto da Pampulha de onde pegaríamos um ônibus para o aeroporto Internacional Tancredo Neves, vulgo Confins..(risos).

Tudo certo, embarcamos nossas bikes pela Azul, que inclusive merece todo nosso elogio, não criou problema algum, tivemos apenas que esvaziar os pneus tanto na ida, quanto na volta, nota 10 pra vocês!

Quando pousamos em solo Curitibano, o calor me surpreendeu e nossa carona já estava nos esperando, várias pessoas chegaram perto da gente perguntando se não tivemos problemas no embarque das nossas bikes,por que não tivemos que desmontar uma peça se quer das mesmas.

Se na Azul tudo foi “azul”, na GOL várias pessoas reclamaram que tiveram problemas e ladainhas no embarque das magrelas.Gente que nem conhecíamos  pediu pra tirar foto ao nosso lado, foi engraçado, me senti famosa por um segundo (risos).Ali o clima já estava maravilhoso.

Por ai se percebe que as pessoas que andam de bicicleta tem essa coisa bonita do tocar, do chegar perto sem medo, de dar um bom dia com o melhor sorriso no rosto. As atividades começaram assim que chegamos, deixamos nossas coisas na casa do Tio Kid (Tio do Kico que mora em Curitiba) e partimos pra UFPR.

Deu um trabalho danado montar a exposição do Nova Origem com o Kico (“O projeto Nova Origem surge como uma mudança no estilo de vida através da união de três amigos de infância em uma volta ao mundo de bicicleta*.”) ficamos a tarde toda por conta, mas o resultado foi fantástico,uma viagem no tempo e a felicidade pura,simples e verdadeira exposta em 100 fotos escolhidas a dedo e as pressas.

Exposição Nova Origem



À noite fomos pra um bar onde todo mundo se encontrou pra uma confraternização, uma verdadeira invasão de bicicletas na noite Curitibana. As ideias e pensamentos fervilhavam na minha cabeça.
Kico encontrou um amigo das antigas, o Andre Pedretti que se juntou a nós nessa confraternização e acabou nos dando carona pra casa do Tio Kid.

Uma graça o Tio e a Tia do Kico sabe aquela casa que tem cheiro de açúcar e as pessoas são tão amáveis e gentis que da vontade de colocar no coração e não largar nunca mais?São esses dois!

Cama quentinha, sorrisos que invadiam tudo, comida gostosa, uma cadelinha poliglota que me arrancou muitos risos, resumidamente essa é a casa do Tio Kid Zaninetti e seu olhar amoroso por debaixo daqueles óculos e Tia Glaucia e seu talento com os lindos bolos que ela faz pra vender junto com Tio Kid. Coisa mais bonita de se ver é um casal feliz e que se ama de verdade.





O segundo dia do fórum guardava certa ansiedade, afinal, seria o primeiro dia oficialmente da exposição Nova Origem. Tudo certo, tudo pronto hora de abrir as portas para o público.

Mas antes de chegar a sala destinada a exposição que nos deu uma trabalheira pra montar no dia anterior, o personagem que me fez mudar completamente a visão sobre a bicicleta estava ali, materializado na minha frente, Antonio Olinto  autor do Livro No Guidão da Liberdade e Rafa Asprino sua esposa.Fiquei realmente emocionada, confesso que por pouco quase chorei.Foi incrível estar ali frente a frente com o cara que largou toda a “segurança” dessa suposta vidinha medíocre que levamos dentro do sistema e se deixou levar pelo mundo e nele se encontrou e tem sido feliz...muito feliz!

Olinto e Kico

O Olinto e a Rafa são pessoas comuns, assim como eu ou como você que esta ai, me dando a honra de ler meu blog,mas são pessoas que se encontraram, que viram na bicicleta uma forma simples de se viver, de ser feliz, de deixar de ser número pra virar “SER”.

Foi mágico, estar ali com o professor (Olinto) e o aluno da estrada (Kico), não me cansava de olhar as fotos e via nos rosto de cada pessoa a surpresa, o medo, comentários, resenhas, foi  interessante vivenciar aquele momento, como fotógrafa tentei buscar toda pureza, toda surpresa e toda magia daquele instante.

Além do Olinto e da Rafa, a exposição recebeu a visita do Argus Caruso que também deu a volta ao mundo de bicicleta em 2001.

Cada pessoa que entrava na exposição tinha uma reação diferente, fiquei pensando no que elas pensavam o que sentiam vendo as fotos, até que um grupo da turma da limpeza da universidade entrou pra ver as fotos. Elas me pediram explicação por que o Kico estava ocupado na hora e não teve como recebe-las..

Fui contando com calma do que se tratava como surgiu a ideia e uma delas que eu sinceramente não me recordo do nome, disse pra companheira de trabalho: ”Ta vendo fulana, eu vivo dizendo que a gente não precisa de tanto.” Aquilo me emocionou profundamente, por que essa é a ideia, esse é o mundo real, mas as pessoas acreditam que estar as margens de uma sociedade doente é saudável. 

Enfim não estou aqui pra convencer ninguém do contrário, nem o que quero, mas queria que as pessoas entendessem que a felicidade não é mercadoria e sim seria o fim de todo capitalismo se todas as pessoas percebessem isso.

Nesse segundo dia o FMB teve um “Q de pura magia, foi um dia extremamente significativo, Chris Carlsson,ativista norte americano, fundador da Critical Mass (Massa Critica) e Renata Falzoni arrancaram aplausos e lágrimas de uma plateia enorme.A Renata é uma jornalista,ciclo ativista fantástica, usa a bicicleta a 38 anos como meio de transporte, ela não so fala da bicicleta como também vive a bicicleta, imaginem o que é pra essa sociedade coxinha ver uma pessoa chegando num restaurante desses chique que tem por ai montada na sua magrela,toda suada?Pois é, essa é a Renata e ela poderia estar no seu carro, mas preferiu a bicicleta e toda sua simplicidade, toda sua magia e toda sua força contrária ao sistema.

Ouvindo o que a Renata Falzoni falou sobre a bicicleta na sua vida, sobre o que o Chris disse com o olhar emocionado diante de toda aquela plateia eu cheguei a algumas conclusões.
Ser contrário ao que o capitalismo e o sistema pregam é ser considerado marginal, é ser mal sucedido na vida, nossos pais, a igreja, alguns professores nos ensinaram assim e muita gente nunca parou pra pensar no significado real dessa palavra... Marginal.

Mendigos, músicos de rua, mochileiros e tantos outros são considerados “marginais” eles não apresentam perigo pra sociedade além do perigo da subversão, além de mostrar pras pessoas, pro cara que se aposentou, que a vida dele é uma grande mentira, que ele poderia ter sido o que quisesse, feito o que bem entendesse, deixado a faculdade de lado, conhecido mil pessoas, experimentado todas as sensações, feito amor com aquela aventureira que mexeu profundamente com seu espírito e que morava dentro de um trailer.

Mas ele preferiu não desapontar o pai moralista (ou a mãe conservadora,perua e futil) e tentou a vida inteira ficar rico,e acabou pobre, sem ter conhecido nada do mundo, das várias culturas, da liberdade dessas amarras invisíveis e ficou ali vendo a vida passar assistindo Faustão e futebol  no velho sofá da sala.

Ouvindo o que a Renata dizia e a expressão do seu rosto, me fez acreditar que o que sempre pensei não era loucura, que meu pensamento como alguns diziam ser meio de Alice nos pais das maravilhas, sempre esteve correto e que sim, eu seguia exatamente o que meu coração sempre me pediu.
Fazer parte desta sociedade nos prende, nos oprime, nos deprime e nos torna miseráveis não de dinheiro, por que talvez quem esteja inserido dentro dessa loucura esteja ganhando muito dinheiro, mas esta na mais profunda miséria da real felicidade e tenta sem sucesso tapar os buracos existenciais deixados por essa busca ilusória.

Por que o sistema quer que acreditemos que um dia seremos felizes comprando uma Ferrari, viajando para praias no Caribe, que so existem nos nossos sonhos.Seria o fim dos capitalistas se todo mundo parasse de acreditar na felicidade como alguma coisa material, como mercadoria por que o sistema é uma fossa sem fim, que suga a vida das pessoas enchendo-as de esperanças tolas.

Joga fora toda essa propaganda que colocaram na sua cabeça elas nãos são reais, foram implantadas. Trocar de carro todo ano NÃO VAI TE FAZER FELIZ, seu filho não quer mais um computador com joguinhos de ultima geração, ele quer soltar papagaio e andar de bicicleta com você numa dessas tardes lindas de sábado. Sua esposa não precisa jantares caros, viagens de navio, ela precisa de uma boa noite de sexo, dessas que você de tanto trabalhar não consegue a muito tempo, nunca tem tempo por que acha que comprando aquela cobertura que o sistema vive te falando pela TV você a fará feliz.Sua esposa so precisa do seu amor e do seu pinto meu caro vai por mim!!

A felicidade esta no abandono o próprio Buda era um “marginal” o nosso maior ativista Jesus era um marginal vejam so.

Abandone o sistema, de as costas pra ele, seja de bicicleta, de moto, no seu fusquinha sei la, mas abandone por que ele já te abandonou a muito tempo.

O que nos torna pessoas não é ter um carrão, bens materiais (tão descartáveis) que você insiste em ter pra ficar feito um idiota vazio esfregando na cara do seu vizinho ou o número de mulheres que você pega pra ficar comendo ou o numero de caras que você com sua beleza plástica consegue arrancar suspiros. Essa é a porra da cultura do consumismo que consome de tudo, mas principalmente pessoas.

Seja você, esse você que fica gritando o tempo inteiro e que você diz:”Nossa eu to ficando doido.”Esse ai é você de verdade que grita o tempo inteiro te chamando pra felicidade, pra uma vida sem medo, pra uma vida de novas experiências, muito, muito, muito acima dessa cultura filha da puta de fracasso contra sucesso.Seja so você, seja feliz, faça o que você tem vontade de fazer.Sabe aquela vontade largar tudo e sumir?Faça, aquele ali é você que esta a muito tempo perdido dentro do sistema,dentro de você mesmo, dentro da bolha.

Eu me encontrei na bicicleta, que me proporciona estar mais em contato com o real, com a felicidade subversiva, por que sim a bicicleta nos proporciona isso.

Eu escolhi que eu posso chegar onde eu quiser usando como meio de transporte a bicicleta, que me proporciona momentos únicos, onde a comida depois de uma pedalada é mais valorizada seja um simples arroz com feijão, onde a água chega ser mais doce, onde o céu tem um tom que eu nunca tinha observado andando sob quatro rodas.

Para alguns quem anda de bicicleta é pobre, que bom é a pobreza mais preciosa que eu já tive por que foi nela que eu me encontrei e me descobri de maneiras que eu nunca havia imaginado.


Palestra do Kico e do Ernesto



Convide as pessoas pra um passeio de bicicleta ou a pé sei la, mas convide, saia da bolha, saia da sociedade carrocrata, da carro dependência.Convide seus vizinhos, convide as pessoas para o amor tão em baixa.Por que é isso que todos procuram no final das contas amor e por favor,amor no sentido mais amplo da palavra!

A bicicleta pra mim se tornou uma primavera constante, amores se formam no meio das massas criticas, pelas estradas, por cidades percorridas de bike durante ciclo viagens, crianças nascem, crescem,idosos renascem.Sim existe uma mudança em curso e ela esta apavorando o sistema por que chegará o momento em que o mundo vai perceber que não existe comida melhor no mundo que uma banana,uma paçoca e um melzinho.





Enquanto eu viajava de volta pra BH o Kico não soltava minha mão, a decolagem foi tranquila, o pouso mais ainda.Trocamos poucas palavras durante o voo,minha cabeça fervilhava pra escrever esse texto, as ideias não se conectavam...mas durante alguns minutos percebi que a única coisa que importava naquele momento era o encaixe perfeito das nossas mãos, unidas pela bicicleta durante uma ciclo viagem do Kico que mudou completamente a minha vida,por que me fez acordar pra coisas que sempre preguei e as quais sempre fui criticada e o pior eu acreditava nas críticas.

Não eu não adotei o estilo de vida dele pra mim, eu simplesmente fiz o meu e acredite, eu sou feliz por apenas acreditar, que em cima de uma bicicleta eu encontrei a fonte da felicidade em uma forma totalmente alternativa de se viver.

O FMB terminou e me deixou uma cicatriz perfeita, não tinha sorriso que não fosse sincero, não teve abraço que não foi aconchego, encontros e reencontros... Família, amor, sinceridade!
A sintonia perfeita de um evento que vai estar pra sempre na minha história, marcado como o grande dia da minha transição, o dia em que eu descobri que eu não quero provar nada pra ninguém, muito menos implantar “verdades” (até por que estas não existem) na cabeça das pessoas... Eu quero apenas que eu, você que todos sejamos felizes... Simples e puramente felizes.

Ainda consigo ouvir o som do coração do Kico batendo enquanto ele carinhosamente me deixava dormir no seu peito no trajeto de Confins ate a Pedro I, onde eu desceria e iria de bicicleta até a minha casa... As bikes sacolejavam no bagageiro e a vida explodia dentro do meu coração!


Dona Neotides, quero te ver pelas ruas de Medelin no próximo FMB em 2015 hein?

Até la









domingo, 9 de fevereiro de 2014

Pedal de Menina no Parque Nacional da Serra do Cipo

Ontem foi dia de pedalar com a galera do Pedal dos Amigos, cujos responsáveis Alexandre Vaz e Pawel tem surpreendido a cada final de semana com pedais incríveis.

Cada final de semana um lugar diferente,como a procura tem sido grande e muita gente não tem carro pra levar as magrelas, a solução encontrada foi o aluguel de uma van que comporta até 14 bikes.




Pois bem ja havia participado de um pedal com essa galera pra Moeda e Rio Acima e simplesmente achei o astral e a forma com que eles conduzem o passeio super bacana.

Nesse final de semana foi a vez de acompanha-los novamente, mas dessa vez pra Serra do Cipo, mais precisamente no Parque Nacional da Serra do Cipo,um dos conjuntos naturais mais exuberantes do mundo na nossa linda Serra do Espinhaço.

E bota exuberância nisso, um bioma incrível 100.000 hectares de cerradoscampos rupestres e matas a se perder de vista.

Nosso pedal começou cedo, a van passou no horário marcado e la fomos nós rumo a nossa nova aventura, chegando na serra passamos pela administração do parque onde os formulários tem que ser preenchidos, rotina normal e super importante pro controle de visitantes e acesso no parque, afinal gente demais incomoda até os bichos.


Reunimos todos pra foto de praxe do inicio de todo pedal e la fomos nós, e a primeira coisa que vejo surgindo monumental na minha frente foi um gigantesco paredão, dando forma as belas curvas da nossa serra.











O terreno do parque é bem arenoso o que torna o pedal nível médio, tanta areia tem explicação,essas rochas e terrenos arenosos foram formadas por depósitos marinhos há mais de 1,7 bilhões de anos,(segundo informação do geografo do parque) imaginem então a diversidade de espécies e paisagens que foram se desenrolando no decorrer do pedal?





Em alguns trechos a areia era bem socada o que facilitava nossa vida,mas em outros trechos a areia era bem fofa as bikes deslizavam o que tornava tudo mais emocionante, alguns tombos mas nada serio.Eu segui as dicas do meu treinador e querido namorado que sempre me fala: "Em atoleiro e areia marcha leve e não para de girar." E foi o que fiz, mas em alguns trechos não teve jeito mesmo,o pneu atolava e o negocio era empurrar.

Troncos, pedras, galhos, pequenas single tracks que eu adorei poder treinar, mesmo de leve valeu demais.Nesses pedais eu aproveito sempre pra colocar em prática o que o pessoal mais experiente me passa.Deu pra dar uma brincada e me divertir muito.

Nossa primeira parada foi no Cânion Bandeirinhas, imaginem o paraíso das águas e da vegetação?Pois é digo que é mais ou menos isso ai que você imaginou um pouquinho melhor.

Antes de chegar no Cânion, passamos por um rio de águas cristalinas onde foi impossível não entrar e dar aquela renovada e que delicia.







A paisagem era de tirar o fôlego, não sabia nem do que eu tirava foto,somente quem vive o momento sabe o que significa aquele instante de puro êxtase.

No Cânion nos deleitamos nas águas refrescantes do Cipo, descansamos e comemos pra nossa próxima parada, a Cachoeira da Farofa.









No caminho pra cachoeira,como as trilhas são bem sinalizadas eu fui na frente, tenho esses momentos durante o pedal, onde gosto de ficar comigo mesma, meus pensamentos e minhas ideias.Além de claro querer ouvir apenas o barulhinho do vento e dos pássaros.

Mas olha so pessoal, quem não tem costume de pedalar e mesmo os que tem, não façam isso ou se forem fazer, avisem que estão indo na frente por que os responsáveis pelo grupo não tem bola de cristal pra adivinhar que rumo você tomou.Eu que fui meio mal criada, mas fui por que sabia que não tinha risco de me perder e nem de dar trabalho pra ninguém.

O caminho pra Farofa é simplesmente indescritível, eu poderia ficar escrevendo por horas que não conseguiria chegar a conclusão que faça jus aquele lugar.

Uma vegetação que lembrava cabelos esvoaçantes e dançava com o vento, se misturando ao verde das montanhas, árvores frondosas e de galhos retorcidos compunham o cenário, o que posso chamar de pintura da mãe natureza.











Fiz uma filmagem que eu mais gritava do que falava coisas com coerência, mas a emoção realmente invadiu meu coração, não tem como fazer um pedal desses e não se entregar.

E la, guardada no meio das montanhas, três quedas lindas escondidas e do outro lado a Cachoeira da Farofa,maravilhosa no meio de uma vegetação sem explicação, cheguei na frente do grupo mas pra minha surpresa ja tinha gente do nosso pedal por la.

Na parte baixa da Farofa, tem um laguinho que se forma e outro dentro de uma pequena caverna, mas eu queria ir la em cima, subi as pedras com cuidado e com a pouca experiência que tenho em escalada e que me serviram nesse momento, mais uma doideira minha, mas era um pequeno bolder dava pra fazer tranquilo, só posicionar o corpo corretamente pra não perder o equilíbrio.

Pronto subi!!!E quando levanto a cabeça a Farofa estava la.... Me emocionei...Linda,calma e me convidando pra um refrescante banho.E claro como visita educada que sou entrei, suas águas cristalinas e convidativas me renovaram, me limparam o corpo, a alma e o coração.

Debaixo da cachoeira tem como sentar e eu fiquei la, deixando a água cair nas minhas costas, cabeça, dando pequenos choques no contraste do quente do corpo, com o frio das águas renovadoras da serra.






Ja era 16h da tarde,hora de voltar pra casa, todo mundo exausto, mas cada segundo valeu a pena, cada momento desfrutado na companhia de tantas pessoas de alto astral valeu muito, valeu demais.

A mulherada tem dado o ar da graça cada vez mais e mandaram muito bem, sem frescura e pedalando forte foi bonito de se ver.

Um lindo por do sol nos presenteou, enchendo nosso coração de alegria e luz pra fazer daquele um dos muitos pedais que ainda virão.



ORAÇÃO INDÍGENA DO SILÊNCIO

Sente-se à beira do amanhecer, o sol nascerá para você. 

Sente-se à beira da noite, as estrelas brilham para você. 

Sente-se à beira do rio, o rouxinol canta para você.

Sente-se à beira do silêncio, Deus vai falar com você."

(Avagana Daçui-rá)