Como sempre
minhas viagens com Kico tem mais do que experiências, tem muita aventura e
emoção e essa não poderia ser diferente.
O Kico queria
conhecer Tiradentes eu por sinal já conhecia da época da faculdade, foi uma
volta ao passado (literalmente) e em ótima companhia.
Consegui uma
carona de ouro na sexta pra São João Del Rei, BH estava o caos, dia dos
namorados, todo mundo comprando presente de ultima hora... Pra variar coisas de
Brasileiro mesmo.
O Kico também
conseguiu uma carona de Juiz de Fora pra São João, marcamos de nos encontrar
lá, seria mais fácil.
A viagem correu
tranquila, o pessoal era engraçado o que fez com que nem víssemos o tempo
passar.
Chegando em São
João o Kico já tinha chegado e estava comendo num trailer, por la eu fiquei e
me despedi do pessoal, minha volta com eles já estava garantida e agora era
curtir o namorado.
Terminado o
lanchinho fomos pra Rodoviária de onde pegamos o ônibus que faz São João a
Tiradentes (pertinho).
Foi uma pena
chegarmos tão tarde, não deu pra ver a beleza da Serra de São José, onde no dia
seguinte partiríamos pra fazer a travessia treino antecedendo nosso próximo
desafio em Julho que será a travessia da Serra dos Órgãos.
Durante a
viagem pra São João eu e Kico ficamos sabendo que em Tiradentes estava
acontecendo o Festival de Vinho e Jazz...Me empolguei, coisa que mais gosto um
bom vinho e boa música...Não tem melhor.
Quando o ônibus
chegou em Tiradentes fiquei decepcionada de verdade com o descaso dos órgãos
competentes com relação ao tráfego de ônibus e carros dentro do centro
histórico da cidade, juntando isso ao festival que tinha começado exatamente na
sexta e em pleno dia dos namorados imagina?
Bom eu e Kico
achamos melhor irmos pro local onde ficaríamos acampados, que olha gente,
recomendo muitíssimo, é o Camping Tiradentes(www.campingtiradentes.com.br) bem
perto da cidade e uma delicia, Dona Isabel e o marido são umas gracinhas e o
local tem uma ótima estrutura. Pra quem gosta de ficar mais confortável o local
tem uma sede e apartamentos também e o mais importante o preço é
bom.Principalmente em se tratando de Tiradentes $$$$$$$
A casa sede é
uma réplica dos casarões antigos de Tiradentes, linda, porém recente com apenas
20 anos...me enganou bem!
Resolvemos que
seria melhor ficarmos por lá e ir no festival no sábado a noite, montamos nossa
casa, ajeitamos nosso cantinho e dormimos mais uma vez sob um céu maravilhoso e
um frio gostoso que também nos acompanhou noite a dentro.
Acordamos com o
despertador do celular e com uma neblina que cobria tudo se eu não tivesse
colocado com certeza iríamos acordar umas dez da manhã.
Ajeitamos
mochilas, câmera e lá fomos nós fazer a travessia da Serra de São José. A Serra
abraça toda cidade de Tiradentes, por qualquer lado que se olhe lá está ela,
linda e imponente protegendo a frágil cidade que fica guardadinha lá no meio do
vale… Coisa marrrr linda essa nossa Minas uai!!!
Tomamos um café
na padaria (Kico adora) e compramos comida pra levar durante a travessia. Essa
travessia é pequena, são 22km, mas nós fizemos 16km por que pegamos um
atalho(caminho errado kkkk).O total deu 24km somando o caminho do camping até a
cidade e mais o passeio por Tiradentes como não poderia deixar de ser.
O Kico
conseguiu instruções com o amigo dele o Thiago (valeu demais Thiago) que mandou
tudo por e-mail. Pegamos o GARMIN e partiu.
A
trilha, apesar de longa, não é difícil, algumas partes são mais íngremes, mas a
maioria da caminhada é plana, com algumas descidas no final. Durante todo o
caminho a fauna e a flora impressionaram. Passamos por trechos de Mata
Atlântica, vegetação rupestre e, conforme íamos chegando ao topo, a vegetação
se transformava, com plantas típicas do cerrado.
Fiquei
encantada com as florzinhas que nos acompanharam durante todo o caminho
verdadeiros jardins e deixavam o lugar ainda mais lindo!
Passamos
também por um pedaço da calçada dos escravos, pisando em pedras que foram
colocadas ali séculos atrás e pela Trilha do Carteiro. Há também outras
partes do caminho diretamente ligadas à história de Minas Gerais e do Brasil.
Durante
a trilha eu e Kico fazíamos paradinhas em lugares estratégicos pra fazer
lanchinhos e, claro, admirar as paisagens belíssimas. Tem muitos mirantes pelo
caminho.
Pra
mim o auge da trilha foi quando nos embrenhamos pelo caminho errado sem saber
na verdade que estávamos errados. Na realidade não estávamos tão errados,
pegamos a parte baixa da Serra, tínhamos que ter ido pelo caminho que nos
levaria à crista.
Mas
valeu a pena também, por que o erro compensou muito a emoção e a sensação de
plenitude que me invade cada vez que me sinto conectada com algum lugar.
A parte mais “tensa” digamos de passagem foi quando chegamos
literalmente num grande brejo alagado e não vimos que a trilha continuava do
outro lado. Seguimos por trilhos de cavalo e por fim o alarme na cabeça do Kico
começou a apitar, estávamos no caminho errado. Ficamos quebrando cabeça com o
Garmin, mas no final deu certo, voltamos um pouco até o brejo e encontramos o
caminho.
Logo
a frente um grupo com guias vinham na direção oposta, foi quando concluímos que
realmente estávamos na trilha errada (risos), mas não tão errada
assim, porque terminava onde deveríamos, na tão falada Cachoeira do Mangue. O
que fizemos sem querer foi pegar um atalho.
Chegamos
num poço com vista pro infinito e logo abaixo a cachoeira, essa época do ano é
seca por lá, mas o que não deixou de ter seu charme. E me fala uma só vez que a
natureza não tem seu charme?
Ficamos
um tempo admirando o lugar antes da descida pra cidade, encontramos algumas
pessoas que estavam por lá, conversamos e rimos.
Pronto
hora de voltar pra cidade e nos preparar pra noite com vinho e muito jazz.
Resolvemos
já de cara comprar nossos vinhos, não compensava gastar muito na tal cartela
vendida no evento sendo que as garrafas dos bons vinhos eram muito mais
vantagem.
Antes
levei o Kico pra conhecer uma pequena parte da linda Tiradentes, la pelo menos
os carros não poluíram visualmente o lugar. Tão linda cidade… Ficamos
conversando sobre possíveis medidas que poderiam ser tomadas pra melhorar essa
questão por lá… Porém ficou só entre nós dois.
Bom
era hora de voltar pro acampamento e tomar um banho, mas antes paradinha pra
ver a Maria Fumaça partindo, coisa de tirar o fôlego, tem coisa mais mineira
que ver o trem partir? Tem não sô! Todo mundo registrando, o Kico resolveu
brindar o momento e abriu nosso vinho.
Brindar
a vida é sempre bom e claro brindamos....
Descobrimos
que dava pra voltar para o Camping pelos trilhos da Maria Fumaça e lá fomos nós
andar mais ainda depois da travessia, do city tour… Se tem pernas, pernas pra
que te quero, certo? (risos)
No
caminho até o acampamento pelos trilhos um final de tarde esplendido ia nos
agraciando, as cores se misturando.... a aquarela perfeita.
Finalmente
chegamos ao acampamento, o Kico tomou banho eu também, antes de sair ficamos
nos curtindo um pouquinho, contando casos, eu lembrei das minhas aulas de canto
com a Renata (Rê sua orelha deve ter queimado...kkkkk).
E
lá fomos nós na noite estrelada de Tiradentes pelos trilhos até chegar a
cidade, uma caminhada boa e tranquila.
A
cidade estava cheia, muita alegria, sorrisos, vinho nas mãos de todo mundo que
se olhava. Comemos um crepe delicioso (recomendo demais) e claro bebemos mais.
Foi
quando em meio a tanto álcool, devaneios, jazz e história o Kico me chamou pra
fazer parte da vida dele, chamem como quiser, casamento, morar junto… enfim
compartilhar a vida, mas JUNTOS (mais ainda). Eu arrumei um chororo danado…
hahahaha… ah o álcool essa peste.
É
o Kico sempre me surpreende com os pedidos… namoro foi uma loucura, o primeiro
eu te amo também e agora... bem agora é casar… Segundo ele: “Se der mole eu
caso mesmo.” Hahahha. Mas posso dizer que ele fez tudo muito lindamente no
jeito mais Kikiquinho de ser… de um jeito meio torto(lindo), mas um torto
perfeito.
Não
eu não quero nada dessas coisas de igreja (desculpa aos que crêem) acho que
dividir a vida transcende tudo isso, o que importa é que nos escolhemos pra um
ajudar e crescer com o outro… quanta honra!
Acho que é como o “eu te amo” que é mera formalidade, é apenas uma
expressão opcional e até dispensável em um relacionamento no qual o amor é
verdadeiramente provado através da compreensão, do compartilhamento e até do
silêncio...
Tiradentes rendeu!