terça-feira, 9 de dezembro de 2014

SEMOB 2014

O que buscamos?

Essa é uma pergunta latente em nossa cabeça e em nosso coração, mas eu percebo que cada vez mais buscamos a proximidade, por mais que o caos do dia a dia nos afaste, nos afete,existe um momento em que o ir e vir requer o tocar... o sentir.

Kico Zaninetti e Nininha - Foto: Leticia Tamara

Nesse domingo 07/12/2014 aconteceu em Juiz de Fora o 2º SEMOB – Seminário de Mobilidade por bicicletas tendo como tema  “As vantagens de um sistema cicloviário para Juiz de Fora.” E mais uma vez eu fui convidada a participar registrando tudo através das lentes da minha câmera.

Francine e eu - Foto: Guilherme Mendes

A sexta que antecedeu o final de semana foi caótica em BH, chuva, transito e véspera de um final semana prolongado, com feriado,o transito e os nervos a flor da pele.Cheguei bem tarde em Juiz de Fora, já sentindo um clima de correria e tensão comuns a qualquer evento que o pessoal do Mobilicidade JF promove.Sim tensão pra que tudo corresse bem.Ainda não sei qual a dúvida de gente competente quando promove algum evento.Amigos não tem como dar errado acreditem.

No sábado a noite fomos todos resolver os últimos detalhes na casa do Guilherme e terminado   ele foi buscar o JP (apelido carinhoso para João Paulo Amaral um dos idealizadores e hoje coordenador de articulação da rede nacional Bike Anjo) na rodoviária.


Guilherme e Kico - Foto: Leticia Tamara
No domingo quando chegamos ao Victory Suites Hotel, onde aconteceria o 2º SEMOB, senti um clima muito agradável no  lugar, bem arejado, bem organizado, aliás o pessoal do hotel esta de parabéns e uma figura da equipe de trabalho de la,me chamou atenção o Sr Lindomar que se prontificava a nos ajudar em tudo que solicitávamos, uma figura impar nos bastidores da organização do evento e que merece todo nosso respeito.



Fotos: Leticia Tamara

Quando a palestra começou com o Urbanista Marcelo Portes (Taioba) nas primeiras palavras do seu “discurso” já senti que estamos partindo para algo muito maior dentro da mobilidade urbana que agora deu espaço para um termo mais convidativo, a MOBILIDADE HUMANA ....de aquecer o coração!
Mas como criar uma cidade que seja convidativa as pessoas,e, ao mesmo tempo favorável à mobilidade urbana sustentável?Esta foi uma das discussões do SEMOB.E eu me pergunto cidades para pessoas, uma utopia no Brasil?



Fotos: Leticia Tamara

Tenho notado que cada vez mais,  que as cidades não te convidam a estimular a diversidade, a criar e estimular conexões as pessoas não conversam mais.

Voltando a palestra do Taioba, foi incrível ver que projetos ou melhor dizendo esboços como o que ele apresentou são muito fáceis de serem colocados em prática e com a presença do Secretário de Governo de Juiz de Fora José Sóter Figueirôa , acredito que tudo possa em algum momento sair do papel.

O Secretário de Governo também apresentou o projeto que esta sendo desenvolvido pela prefeitura de Juiz de Fora que poderia ser melhor, mas já é um avanço considerável nesse sentido.Ja com uma boa noticia dada pelo Senhor Secretário ao final de sua palestra sobre a implantação de mais 9 bicicletários na cidade, fomos almoçar com alegria no olhar e a certeza de que mudanças significativas irão sim acontecer.

Foto: Leticia Tâmara

Depois do almoço, foi a vez da palestra tão esperada do JP Amaral que nos contou sobre sua história com a bicicleta, do momento em que a bicicleta foi abandonada e o carro foi tido como principal meio de transporte e depois a volta a vida com a bicicleta como um dos principais meios de transporte.Redescobrindo SP , se emocionando com as pessoas, descobrindo um clima interiorano em plena babilônia.



JP Amaral - Fotos: Leticia Tamara

O ultimo palestrante foi o Eduardo Lucas que apresentou um modelo de ocupação arquitetônica e urbanística de uma região complicada em Juiz de Fora.


Eduardo Lucas -  Fotos: Leticia Tamara


E por fim encerrando o SEMOB com Kico e Guilherme que fecharam com chave de ouro falando sobre as ações do Mobilicidade em 2014 e sobre os projetos para 2015 dentre eles a criação do selo empresa/Instituição Amiga da Bicicleta que já esta em fase final de produção.

Foto: Leticia Tamara

Sim as coisas começam a mudar, não so em Juiz de Fora, mas no Brasil, diante de um cenário onde tudo muitas vezes nos leva a crer no pior, em um futuro sombrio, pessoas como essas se reuniram em prol de um bem coletivo, em prol de uma qualidade de vida pra todos  e que fizeram perceber e acreditar que ter uma cidade sustentável, feita para as pessoas, acessível, não é utopia, por que temos as ferramentas mais que necessárias, a vontade e o querer.Afinal todos nós fazemos parte de uma so teia, de um so lugar, onde a ação de um influencia na vida de todos acreditem é a grande teia da vida.

Tornar as cidades não só acessíveis, mas espaços de convivência real e não algo do imaginário desenhado e jogado numa gaveta qualquer do esquecimento, por que pensar a mobilidade HUMANA, é exercer a democracia.

Todos nós somos pedestres, não importa o modal que você use, no momento em que desce do carro, por exemplo, torna-se um. É preciso pensar a mobilidade de uma cidade sob a perspectiva do ser humano, projetar e construir espaços públicos para garantir locomoção e acessibilidade. E isso é ser democrático.
Deixei a cidade de Juiz de Fora com a cabeça num futuro bem diferente e mais feliz, um futuro onde a cidade além de livre das “amarras” atuais, será um lugar onde utopia não terá mais vez e onde o “ser”  falará bem mais alto ... alias falará da maneira que simplesmente tocará o coração de qualquer um!

Valeu





domingo, 19 de outubro de 2014

Pedal Elo perdido...Pedal onde me encontrei

Percebemos a beleza de nossa saúde quando a perdemos, quando o que temos são pilhas de remédios em cima da cômoda e quando as noites são passadas em claro.
Depois de quase seis meses após minha lesão na coluna percebi o quanto nossa saúde é o nosso bem mais precioso, muito mais que qualquer outra coisa em nossa vida.

Foram meses complicados, mas que me ensinaram muito,  ver minha bicicleta dando teia de aranha durante esse tempo, me levava as vezes a querer  limpa-la pra não sentir  certa culpa.Mas o que é a culpa se não uma desculpa pra verdades que não temos coragem de assumir nem pra nós mesmos?
Durante esse período longe da bicicleta, dos amigos do pedal e das trilhas busquei outras coisas das quais gosto, coisas que não envolvessem  esportes radicais.

Aprofundei-me  na fotografia, me encontrei nas pessoas que cuidaram de mim nesse período, percebi que tinha talento, sim muito talento.Talvez um diamante bruto ainda, mas o olhar...ah o olhar esse não me falta, por que sim nem eu sabia o quanto eu via beleza onde so havia deserto.

Inventei projetos fotográficos, recebi elogios de pessoas que viam as fotos e houve uma até que me propôs publicar  uma foto minha....é não aconteceu, mas uma hora vai e se não for.... é vida que segue!
Ontem tive que acordar com os passarinhos, a hora mágica da vida é essa, quando a gente acorda, quando abrimos os olhos mais uma vez  e nesse minuto simplesmente agradecemos pela vida, pela saúde... pelo amor!

Fui pra um pedal numa cidadezinha a qual eu já havia estado com o Kico, numa ciclo viagem que fizemos... Glaura ...ah Glaura, antiga freguesia Santo Antônio da Casa Branca do Ouro Preto, é um distrito do município de Ouro Preto.Uma cidade que era ponto de passagem dos bandeirantes. Em suas estradas aconteceram disputas por causa da posse das terras mineiras, a tal  Guerra dos Emboabas. Fiquei sabendo que o distrito é produtor de frutas durante todo ano e tem os mais gostosos doces caseiros.

Chegar em Glaura me trouxe uma certa nostalgia, seria ali minha grande prova de resistência, emoldurada entre as montanhas um sol tímido ia mostrando as cores que se misturavam a cidadezinha.As casinhas coloniais, seu chafariz histórico e sua bela igreja matriz...


Foto: Letícia Tâmara

Quando chegamos a pequena Glaura, logo ajeitamos as bicicletas que pareciam gritar:”Vamos, vamos, vamos....” o percurso seria  Floresta Estadual do Uaimií até o distrito de São Bartolomeu... ah São Bartolomeu e suas deliciosas goiabadas cascão...hummm como eu amo Minas...  eu nasci no celeiro da arte, no berço mineiro mesmo!

Então partimos, o calor era mais um desafio e quando entramos na estrada de chão, foi como se uma força inexplicável tivesse tomado conta de mim, ali seria a minha grande prova, ali seria o meu grande desafio. As montanhas monumentais se ergueram diante dos nossos olhos e naquele momento eu soube que não seria fácil.




Um percurso de 23 km com poucas descidas, subimos 1200m, durante um momento tudo escureceu senti medo...e quem não tem medo da escuridão?Mas respirei fundo e disse pra mim mesma: “Você consegue...” E pronto a visão voltou e vi uma arvore retorcida, bem estilo das vegetações do Cerrado.As pedrinhas tilintando no quadro da bike e o calor escaldante foram me dizendo o caminho da sombra, da pequena sombra que me acalentou.

A natureza é sempre muito generosa, mesmo quando não sabemos dar em troca todo carinho que ela nos proporciona.A Claudia veio logo atrás e sentou do meu lado, ofereceu o que tinha, um isotônico que me deu um certo gás, achei um ato bonito...compartilhar.Água em trilhas são nossa maior riqueza acreditem e ela me ofereceu o pouco que tinha.


Claudinha


Aceitei de muito bom grado, eu tinha minha água, vim muito precavida com três garrafinhas cheias, lanchinhos e minha câmera essa não consigo mais deixar pra trás.
Já recuperada continuamos nosso caminho, as subidas não cessavam e certo esgotamento ia tomando conta de todos.

Uma figura nesse pedal me chamou muito atenção, alias duas figuras, uma foi a Silvia a outra a Ju.A Silvia me lembrou muito meus primeiros pedais, na minha caloi dura e pesada mas que foi meu maior aprendizado pra partir pra “Cecília” (Cecilia é a minha bike que carinhosamente coloquei esse nome por que a ganhei no mesmo dia que minha sobrinha Cecília nasceu) ela veio na sua bicicleta simples mas foi guerreira, cheia de fibra, de vontade e de muito “sangue no olho” como costumo dizer quando queremos muito atingir um objetivo.
A Ju quebrando todos os tabus de que asmático e cardíaco não pedalam, subiu toda essa “morraria” no peito, no pulmão, no coração e na raça.


Ju 

Silvinha


Duas mulheres lindas a meu ver, os olhos brilhantes, o rosto forte, altivo, mas que deixavam transparecer a delicadeza e a beleza que todas nós mulheres possuímos.
O cansaço era evidente em todos, eu não queria desistir, pedalei, como pedalei, desci algumas vezes da bicicleta, respeitei tudo que meu corpo me pediu pra respeitar, coisa que antes da minha lesão eu fazia muito pouco, pra dizer a verdade quase nada.

Compartilhei do aprendizado que tive com Kico sobre pedal com as meninas, principalmente com a Silvia que ouviu atentamente e seguiu a risca, e como seguiu ne Silvinha?
Faltava apenas 1km pra chegarmos até o primeiro ponto do pedal que era a Floresta Estadual do Uaimií, o Pawel padrinho do pedal estava confuso com o GPS (Ta vendo Pawel fui legal com vc rsrsrsrs) e muito cansado, quando exausto disse....Abortar missão.

Confesso que eu queria muito, muito mesmo continuar e dava pra ir, mas quando estamos em grupo devemos respeitar a vontade da maioria, eu, Silvia, Adriana e Claudia queríamos continuar, mas o resto do pessoal já estava muito cansado e já com sinais perigosos de desgaste.E respeito pelo próximo é uma das coisas que temos que levar sempre nas nossas vidas...ali não existia EU ...ali éramos nós... Foi então que decidimos por unanimidade voltar.


A volta foi rápida, mas queríamos o banho de cachoeira, queríamos o descarrego que acompanha todos quando vamos pro pedal, pedal sem cachoeira parece que sempre fica faltando alguma coisa.

Foi então que nos lembramos do riachinho que veio nos acompanhando boa parte do trajeto e paramos as suas margens pra aliviar o calor do corpo e a alma das frustrações.
Foi um momento bonito, deitar naquelas águas, sentir toda energia que provinha da mata ciliar que emoldurava a margem.Dois cachorros curiosos vieram nos alegrar, chegaram de mansinho, meio desconfiados, cachorro de mineiro mesmo (risos) e logo nos tornamos amigos não teve jeito.




Ainda tinha chão, ainda tinha estrada e muita subida no retorno me despedi com um olhar e segui caminho.
A ultima subida foi pra mim uma dúvida, mas li num livro que duvidar de si mesmo é uma das qualidades das pessoas criativas.Busquei força nessa frase, respirei fundo e subi, subi com todo resto de força que eu tinha, aquele era o ultimo morro até a entrada de Glaura, um grito saiu da garganta, a subida foi dolorosa mas deu, deu sim e finalmente o calçamento,a linha de chegada a prova da minha recuperação total.

Um nó na garganta se fez, eu vim na frente de todo mundo por que precisava desse momento comigo mesma, e quando vi a igreja matriz dei um beijo no meu guidão como se beijasse a mim mesma e o no na garganta se desfez em forma de lágrima.Pois é eu chorei, chorei feito criança.... EU CONSEGUI!!!

Tinha um pessoal parado no bar do seu Branco ( já digo de passagem lugar que serve a melhor coxinha desse mundo e o melhor molho de pimenta) todo mundo ficou olhando sem entender.Bati a mão na calça cheia de poeira vermelha, suor, sujeira e dever cumprido ergui a mão pro céu e gritei...Aqui é Letícia porra!!! Kkkkkk
Tirei a maquina da bolsa e registrei o momento de chegada de cada um, eu não sei o que se passava na cabeça deles, mas posso garantir que pela resenha ( momento que sempre acontece depois de todo pedal) era de felicidade.
Bicicleta é isso felicidade, verdade e meditação...Um encontro inevitável com você mesmo, suas fraquezas, sua força e seu amor próprio.




A volta foi linda o sol se punha devagar, de dentro do carro ia vendo as luzes incendiando o céu com faiscantes sombreados de vermelho e laranja, a distância, nuvens escuras acima do horizonte, os ventos mornos do verão... Em breve o sol daria passagem a noite e com ela viria o silêncio que passa sobre tudo.




Uma chuva mansa nos presenteou pelo caminho de volta a BH, deixei o cheiro da chuva entrar pela janela do carro, fechei os olhos e agradeci....aproveitei aquele momento, por que a vida é isso, aproveitar o momento e nada mais...

Valeu






                                             

domingo, 4 de maio de 2014

Pelas Trilhas com os Aventureiros MTB

Sim eu disse a mim mesma, nesse Domingo eu vou encarar esses dinossauros ai e vamos ver no que vai dar.Isso demorou quase um ano mas eu fui.Coragem mulher eu me dizia o tempo todo e eu fui corajosa e fui pedalar com os Aventureiros Mtb.

A noite eu acordei diversas vezes com medo de perder a hora, afinal o Alexandre meu querido anfitrião fez a gentileza de me dar uma carona.

Faltava pouco para as 06h e la estava eu no local combinado esperando, coração na mão e ansiedade total...Talvez eles possam estar dizendo:Ah o pedal de hoje nem foi la grandes coisas, afinal foram muitos os contratempos, eu passando mal duas vezes, dois novatos,alguns tombos e pneu furado.

A recepção foi calorosa, os meninos são autênticos e isso é uma qualidade que admiro demais nas pessoas.
Logo no início do pedal, como eu não havia aquecido antes a bendita dor me acometeu e eu tive que deitar pra esperar passar, os meninos ficaram comigo o tempo todo, na subida das antenas a pressão caiu eu vomitei mas continuei, não sou de desistir fácil não.Afinal um aventureiro não come mel ele cospe a abelha não é mesmo Isaac? (risos)





É gostoso pedalar treinando, é diferente o descanso acontece pra quem chegar primeiro no topo, quem fica por ultimo pena.É chegar, tomar uma aguinha e " bora nois".

Mas isso não é ruim não, por que nos força a dar o nosso melhor e com isso evoluir .
Assim também é na vida se você so fica estagnado de uma so maneira, você nunca evolui, buscar sempre o que esta um passo a frente é o que nos faz crescer.

Hoje eu cresci um "cadinho" com cada um desses meninos grandes, dos meus "smurfs" como carinhosamente os chamei quando fui tirar uma foto.

O Isaac nosso querido ranzinza (risos) que nos matava de rir o tempo inteiro, o Alê que se preocupava com todos o tempo inteiro, Giordanini que ia conversando, Welington que ia falando túnel a fora.

Os desafios foram imensos e eu como a única mulher do grupo fiquei feliz em saber que sim mulherada, nós podemos e como podemos fazer um pedal forte é so ter um pouco de preparo e muita força de vontade principalmente com nós mesmas.

Hoje eu cresci um pouco mais, hoje eu aprendi, hoje eu ri muito, hoje eu fui muito feliz, valeu pessoal!
Que venham os próximos.






terça-feira, 1 de abril de 2014

Panamericano de MTB 2014 - Meu primeiro desafio minha quase vitória



Frio na barriga, medo e muitas incertezas, esses foram os sentimentos no começo do sábado que se passou. Quando o Kico me disse: “Minha linda nossa inscrição pro Panamericano de MTB já esta feita, pela primeira vez na vida fiquei com vontade de matar alguém.




Mas resolvi encarar, mesmo acreditando piamente que não conseguiria nem completar a prova,mas milagres também acontecem, podem acreditar nisso.

Na sexta feira depois de uma semana de recuperação pelo “terreno comprado”( gíria que os ciclistas usam quando alguém toma um tombo de bicicleta) no final de semana que antecedeu a competição, eu estava bem preocupada, afinal minha perna ainda não estava 100% recuperada  do tombo e eu não havia andando de bicicleta nenhum dia.

Que responsabilidade e que confiança depositada em mim, no sábado a tensão era enorme, colocamos nossas bikes no carro e fomos pra Barbacena, o clima estava propício pra competição, tempo nublado e fresco. Afinal de contas, nossa prova seria 12h30 horário cruel pra qualquer ser humano que se preze, mas São Pedro foi generoso e deixou um clima bem confortável pra todos.

Enquanto a hora não chegava íamos compartilhando do clima agradável que se espalhava pelo lugar, vários atletas de vários países, amadores, profissionais uma só tribo.
Eu precisava daquilo, daquele clima saudável depois de uma semana nada fácil, ali eu comecei a me reencontrar.

Encontrei a Maria Elisa uma pessoa e amiga incrível de Juiz de Fora que apesar do cansaço estampado no rosto, deixava transbordar a alegria pelo dever cumprido (com louvor, diga-se de passagem) a Med (apelido carinhoso dela) estava radiante, ela trabalhou na assessoria de imprensa e comunicação e sabe-se Deus por quantos perrengues não passou pra ver a coisa toda acontecendo.

Maria Elisa - Med

O importante é que aconteceu e foi maravilhoso tanto pra ela como pra todos que participaram do Pan.
Enquanto a hora fatal não chegava ,eu ia andando pelos bastidores com minha câmera registrando o making-of e nos meus clics e andanças conheci o Maurício Mazzei, um fotógrafo sensacional com um currículo invejável e ficamos trocando algumas figurinhas depois de termos perdido a largada do masculino.(risos)

 
Mauricio Mazzei

O Kico foi entrevistado pela Renata Falzoni um ícone da moçada da bike, ela é fotógrafa, vídeo repórter, bike repórter e cicloativista. Foi pioneira na valorização do uso da bicicleta no Brasil, tendo sido uma das fundadoras do Night Biker's Club do Brasil em 1989.O Kico não perdeu essa oportunidade e falou sobre vários assuntos, inclusive o lindo trabalho do mobilicidade JF que ele e o Guilherme vem desenvolvendo de maneira incrível em Juiz de Fora, modificando aos pouquinhos esse cenário da bike nos grandes centros urbanos.
 
Kico e Falzoi
A grande hora chegou, eu não conseguia segurar o nervosismo, mas descobri que isso é absolutamente normal antes de uma prova, foi só olhar para os lados e perceber que todos estavam como eu.
Quando a largada foi dada o sentimento era de pura emoção, tudo transbordava dentro de mim, um salto pro infinito, um vôo sem mapa de navegação.

Concentração antes da largada

Decidi que se não me concentrasse não seria fácil, então me desliguei de tudo, parei de ouvir os aplausos, os gritos, mas a última imagem que ficou comigo foi a da Maria Elisa (Med) gritando quando nos viu no meio da “manada”: “Vai meu amigo Kico Zaninetti, vai Leticia.”

Depois disso eu me desliguei totalmente, so ouvia a voz do Kico me dando as coordenadas de tudo, marchas, força,gira,gira, vai, ta lindo, ta maravilhoso minha linda, de camisa amarelinha (ele começou a  cantar kkkkk) , vai, so mais um degrau, isso minha linda, depois desse morro estaremos na metade da prova, força , gira,gira,issoooo minha linda, ta maravilhoso,água,banana grudada na boca inteira, descidas, cuidado,dor,dor,muita dor,câimbra, spray na panturrilha,gota de suor escorrendo no meu queixo, chão batido, pedrinhas soltas,pedronas soltas, pneu , cravo do pneu, copo de água, vai,vai, to meu limite Kico não consigo mais forçar, esse é o espírito minha linda.E quando eu vi o olhar do Kico me dizendo mesmo sem falar uma so palavra:”Consegue sim linda vem.”  Nessa hora que eu dei meu ultimo gás, nem sei onde encontrei forças mas encontrei, a outra dupla passou por nós, tentei encostar na menina da dupla, mas ela me ganhou na descida eu ainda não me sinto segura nas descidas.

Faltavam 5km pro final eu já não aguentava mais, ultrapassamos um outro competidor que sofria com as terríveis câimbras, oferecemos um spray pra aliviar mas ele não aceitou, preferiu continuar, respeitamos e não insistimos.Nessas horas cada um se testa a sua maneira, talvez aquele fosse o momento dele.
Quando avistei a tenda, só ouvi o Kico dizer:”Bora linda ta chegando gira, gira.” E foi o que fiz quando chegamos, só ouvi  uma pessoa dizer:”Dupla mista 11º lugar.

Já fiquei muito feliz quando ouvi isso, poxa 11º pra quem nunca competiu e ainda me recuperando de uma lesão, já abri um sorriso daqueles.

Mas o desgaste era terrível, os músculos se contraindo, a perna queimando de dor, mas uma dor que remetia prazer, um grande prazer pelo dever cumprido.

Foi então que ficamos sabendo que quase pegamos pódio, por muito pouco mesmo não ficamos entre os 10 primeiros colocados, ficamos a 24segundos da dupla 10ª colocada.



Eu vi o que move um atleta, não sei se conseguiria explicar, mas ali, naquela hora, com todas as partes do meu corpo gritando eu percebi que o que move o atleta é sim uma paixão que lhe é intrínseca, que é parte dele, que faz com que tudo se mova de uma maneira muito sutil, mas que é peculiar a cada um.
Uma conexão com o que há de melhor em cada um, um encontro marcado com a pessoa mais importante desse mundo...VOCÊ MESMO!!!

Deixar Barbacena pra trás doeu no coração, senti que, apesar do aprendizado maravilhoso sobre a transitoriedade e impermanência da vida, eu poderia fazer o que eu gostaria de fazer e o melhor, não me sentia apegada a esse sentimento. É difícil transpor em palavras, não sei explicar, exatamente, como me senti, acho que me senti livre, me senti como uma tempestade de verão: forte, intensa, sem limites.

Valeu demais, valeu Kico meu amor, meu treinador, trocar olhar com você no final da prova me trouxe a certeza de um amor bonito e acolhedor e valeu a todos os amigos que de forma direta e indireta me empurraram pro alto.


Pra cima....sempre!!!
Que venham os próximos!