quarta-feira, 26 de junho de 2013

Até quando?

Hoje mais uma vez eu fui pra rua, fazer o meu papel de cidadã o dia prometia ser tenso, exército,choque,GATE,bla,bla,bla.

Sai de casa cedo e fui olhando a Antonio Carlos vazia, muita policia, gente com cara assustada, mães puxando as crianças como saco de batatas pelas mãos assustando os pequenos.

Quando cheguei no centro vim andando pela área hospitalar e la ja se encontravam pequenos grupos da área de saúde e suas faixas, fui descendo pelo parque municipal, o dia hoje realmente estava lindo mas eu ja sabia o desfecho surreal.




Avenida Afonso Pena


Em frente ao palácio das artes o pessoal da CEMIG terminava suas faixas juntos com pessoal do MST nessas horas todo mundo quer fazer valer seus direitos.

Continuei andando tudo ainda muito tímido, bandeiras tremulando soltas, num vento ainda sem rumo, sem norte, nem sul, mas um vento que precisava soprar, assim como os mineiros/brasileiros que vieram pra rua hoje em BH.




O clima estava tranquilo, muita gente se divertindo com suas crianças, cachorros, idosos felizes de poderem gritar pelas ruas com suas faixas, outros apenas sentados, observando com o olhar distante e triste.






Vários partidos se juntaram próximos ao carro de som com suas bandeiras, houve votação para saber qual rumo a manifestação tomaria se Antonio Carlos ou Carlos Luz, e por unanimidade a Antonio Carlos como de se esperar foi escolhida.




E la se foi a massa cantarolando Antonio Carlos a fora, muita gente nas janelas, muitas mães pintando a cara dos seus pequenos, estava bonito de se ver, por mais que me entristecesse saber que 70% das pessoas ali, não sabiam nem por que estavam la, mas quando uma criança começa a andar sozinha é assim mesmo, vai sem rumo, segurando pelas beiradas.





Continuei andando, fotografando até chegar ao viaduto que da acesso a  Abrahao caram  que da acesso ao estádio do Mineirão.




A imprensa aguardava ansiosa por bombas, tiros, afinal pra eles o que importa é o furo de reportagem a tragédia,pacificidade não da ibope né? Affff

O cara que berrava feito louco no carro de som conduzia as pessoas e pedia pra não subirem a Abrahao caram  achei aquilo meio estranho, um tanto quanto manipulativo, muitos seguiram o caminhão indo em direção a igrejinha da Pampulha, outros recuaram e foi ai que tudo começou.






Eu ja estava exausta tinha andado da Praça 7, até minha casa aqui na Pampulha, e é chão viu minha gente, cheguei em casa comi alguma coisa e peguei minha companheira de guerra, minha bike que ia me dar maior mobilidade e os trajetos seriam percorridos mais rapidamente.

Me deparei com cenário de guerra quando voltei pro olho do furacão, tentei de todas as formas entrar por dentro do São Luiz pra ver se conseguia fotos da ação da Polícia, mas tudo estava bloqueado, nem as pessoas que moravam nas redondezas estavam conseguindo voltar pra casa, os policiais pediam COMPROVANTE DE RESIDENCIA me ajuda ai ne?Eles tinha o Google Maps na cabeça pra saber se essa rua do tal comprovante existia ali????Ahan pra não render!!!

Passei por dentro do São Luiz todo e consegui sair atrás do maniconio...kkkkkk.....ai ai eu fiquei rindo essa hora de mim mesma, os policiais estavam prendendo um rapaz que segundo ouvi, jogou pedra na cabeça de alguém,  enfim continuei minha jornada.Quando desci a Antonio Carlos o cenário era inacreditável, vândalos quebraram e queimaram todas as concessionarias, os botecos que a galera que sai da federal pra tomar uma,apedrejaram lojas com gente trabalhando e apavorada la dentro, quebraram bancas de jornal e eu de bike no meio disso tudo só pedia pra ninguém me acertar uma pedra.






Quiz tirar uma foto disso, mas os caras que estavam fazendo arruaça eram barra pesada e eu com minha magrela e maquina fotográfica dando sopa ia sobrar feio.

Dei meia volta e fui para o topo da Antonio Carlos, numa distância segura, a essa altura a polícia ja devia estar entrando em ação certo?ERRADO a policia estava preocupada com a segurança dos integrantes da FIFA, e se voltaram pro outro lado da manifestação pacífica próxima ao Mineirinho, gente que sabia pelo que estava lutando, pelo que estava reclamando.




A cena na Antônio Carlos não foi bonita de se ver, mas existia no meio desses baderneiros gente que tentava a todo custo mostrar aos policiais que eles estavam ali pro país sair dessa lama, gente que chorava e gritava "acorda" isso sim me emocionou e a reação do choque foram as bombas.

Cheguei em casa meu celular tinha inúmeras mensagens de amigos, namorado, parentes uns querendo saber do movimento, outros preocupados, mas cheguei bem intacta, apesar de que, quando eu estava voltando pra casa alguns policiais não queriam deixar que eu voltasse, fizeram bloqueio, poxa eu já estava morta, falei com policial educadamente, pedi passagem, mostrei mochila, ele não cedia.

 Eu fiquei com muita raiva e comecei a falar que eles não tinham direito de me impedir, que a mim era garantido direito de ir e vir, que isso gente esse povo pirou nê O PM chegou a tirar algema pra mim vocês acreditam? Pois é eu virei e falei sob qual acusação você vai me prender mesmo???Ele ficou puto comigo e disse passa logo VAGABUNDA se não te mando pro xadrez e te dou um corretivo dos bons a noite!!!

Aquilo me ofendeu profundamente como mulher, como ser humano enfim,  nessas horas queria lembrar de tudo que leio sobre direito, mas não me veio nada na cabeça, só queria chegar logo em casa, fui descendo indignada a Antonio Carlos, minha bike, eu e meus pensamentos.

E pra fechar o dia fico sabendo da seguinte noticia: " nesse instante a PM gira em torno do pirulito da praça 7 com aquele carro macabro gritando "atenção às pessoas de bem, estamos devolvendo a cidade a vocês, nessa atitude histórica de retomada da democracia".

Após atirar bombas em manifestantes absolutamente pacíficos, palavras do comandante "xuxa" então me dei conta que sim, estava num filme surrealista.



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