domingo, 9 de fevereiro de 2014

Pedal de Menina no Parque Nacional da Serra do Cipo

Ontem foi dia de pedalar com a galera do Pedal dos Amigos, cujos responsáveis Alexandre Vaz e Pawel tem surpreendido a cada final de semana com pedais incríveis.

Cada final de semana um lugar diferente,como a procura tem sido grande e muita gente não tem carro pra levar as magrelas, a solução encontrada foi o aluguel de uma van que comporta até 14 bikes.




Pois bem ja havia participado de um pedal com essa galera pra Moeda e Rio Acima e simplesmente achei o astral e a forma com que eles conduzem o passeio super bacana.

Nesse final de semana foi a vez de acompanha-los novamente, mas dessa vez pra Serra do Cipo, mais precisamente no Parque Nacional da Serra do Cipo,um dos conjuntos naturais mais exuberantes do mundo na nossa linda Serra do Espinhaço.

E bota exuberância nisso, um bioma incrível 100.000 hectares de cerradoscampos rupestres e matas a se perder de vista.

Nosso pedal começou cedo, a van passou no horário marcado e la fomos nós rumo a nossa nova aventura, chegando na serra passamos pela administração do parque onde os formulários tem que ser preenchidos, rotina normal e super importante pro controle de visitantes e acesso no parque, afinal gente demais incomoda até os bichos.


Reunimos todos pra foto de praxe do inicio de todo pedal e la fomos nós, e a primeira coisa que vejo surgindo monumental na minha frente foi um gigantesco paredão, dando forma as belas curvas da nossa serra.











O terreno do parque é bem arenoso o que torna o pedal nível médio, tanta areia tem explicação,essas rochas e terrenos arenosos foram formadas por depósitos marinhos há mais de 1,7 bilhões de anos,(segundo informação do geografo do parque) imaginem então a diversidade de espécies e paisagens que foram se desenrolando no decorrer do pedal?





Em alguns trechos a areia era bem socada o que facilitava nossa vida,mas em outros trechos a areia era bem fofa as bikes deslizavam o que tornava tudo mais emocionante, alguns tombos mas nada serio.Eu segui as dicas do meu treinador e querido namorado que sempre me fala: "Em atoleiro e areia marcha leve e não para de girar." E foi o que fiz, mas em alguns trechos não teve jeito mesmo,o pneu atolava e o negocio era empurrar.

Troncos, pedras, galhos, pequenas single tracks que eu adorei poder treinar, mesmo de leve valeu demais.Nesses pedais eu aproveito sempre pra colocar em prática o que o pessoal mais experiente me passa.Deu pra dar uma brincada e me divertir muito.

Nossa primeira parada foi no Cânion Bandeirinhas, imaginem o paraíso das águas e da vegetação?Pois é digo que é mais ou menos isso ai que você imaginou um pouquinho melhor.

Antes de chegar no Cânion, passamos por um rio de águas cristalinas onde foi impossível não entrar e dar aquela renovada e que delicia.







A paisagem era de tirar o fôlego, não sabia nem do que eu tirava foto,somente quem vive o momento sabe o que significa aquele instante de puro êxtase.

No Cânion nos deleitamos nas águas refrescantes do Cipo, descansamos e comemos pra nossa próxima parada, a Cachoeira da Farofa.









No caminho pra cachoeira,como as trilhas são bem sinalizadas eu fui na frente, tenho esses momentos durante o pedal, onde gosto de ficar comigo mesma, meus pensamentos e minhas ideias.Além de claro querer ouvir apenas o barulhinho do vento e dos pássaros.

Mas olha so pessoal, quem não tem costume de pedalar e mesmo os que tem, não façam isso ou se forem fazer, avisem que estão indo na frente por que os responsáveis pelo grupo não tem bola de cristal pra adivinhar que rumo você tomou.Eu que fui meio mal criada, mas fui por que sabia que não tinha risco de me perder e nem de dar trabalho pra ninguém.

O caminho pra Farofa é simplesmente indescritível, eu poderia ficar escrevendo por horas que não conseguiria chegar a conclusão que faça jus aquele lugar.

Uma vegetação que lembrava cabelos esvoaçantes e dançava com o vento, se misturando ao verde das montanhas, árvores frondosas e de galhos retorcidos compunham o cenário, o que posso chamar de pintura da mãe natureza.











Fiz uma filmagem que eu mais gritava do que falava coisas com coerência, mas a emoção realmente invadiu meu coração, não tem como fazer um pedal desses e não se entregar.

E la, guardada no meio das montanhas, três quedas lindas escondidas e do outro lado a Cachoeira da Farofa,maravilhosa no meio de uma vegetação sem explicação, cheguei na frente do grupo mas pra minha surpresa ja tinha gente do nosso pedal por la.

Na parte baixa da Farofa, tem um laguinho que se forma e outro dentro de uma pequena caverna, mas eu queria ir la em cima, subi as pedras com cuidado e com a pouca experiência que tenho em escalada e que me serviram nesse momento, mais uma doideira minha, mas era um pequeno bolder dava pra fazer tranquilo, só posicionar o corpo corretamente pra não perder o equilíbrio.

Pronto subi!!!E quando levanto a cabeça a Farofa estava la.... Me emocionei...Linda,calma e me convidando pra um refrescante banho.E claro como visita educada que sou entrei, suas águas cristalinas e convidativas me renovaram, me limparam o corpo, a alma e o coração.

Debaixo da cachoeira tem como sentar e eu fiquei la, deixando a água cair nas minhas costas, cabeça, dando pequenos choques no contraste do quente do corpo, com o frio das águas renovadoras da serra.






Ja era 16h da tarde,hora de voltar pra casa, todo mundo exausto, mas cada segundo valeu a pena, cada momento desfrutado na companhia de tantas pessoas de alto astral valeu muito, valeu demais.

A mulherada tem dado o ar da graça cada vez mais e mandaram muito bem, sem frescura e pedalando forte foi bonito de se ver.

Um lindo por do sol nos presenteou, enchendo nosso coração de alegria e luz pra fazer daquele um dos muitos pedais que ainda virão.



ORAÇÃO INDÍGENA DO SILÊNCIO

Sente-se à beira do amanhecer, o sol nascerá para você. 

Sente-se à beira da noite, as estrelas brilham para você. 

Sente-se à beira do rio, o rouxinol canta para você.

Sente-se à beira do silêncio, Deus vai falar com você."

(Avagana Daçui-rá)





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