domingo, 24 de fevereiro de 2013

Ibitipoca

A minha viagem pra Ibitipoca de bicicleta, foi um momento muito especial na minha vida de pedaladora quase profissional....rsrsrsrs....brincadeiras a parte, mas ir pra Ibiti de bike foi uma superação em todos os sentidos possíveis da minha vida.

Planejei a viagem juntamente com Kico meu amigo e hoje meu namorado (é o negócio rendeu rsrsrs), e em Janeiro desse ano começou uma viagem pra mim sem volta, por que essa viagem mudou completamente os rumos da minha história.

A minha maratona de treinos pra ir pra Ibiti foi intensa, por que da última vez que fui la eu estava na faculdade me lembrava bem pouco do que me esperava.

Quando entrei de ferias em dezembro do ano passado comecei os treinos, o primeiro passo foi tirar os pneus de asfalto, por que o  Kico me disse que como pegaríamos estrada de terra ja seria bom eu ir me acostumando ao peso dos pneus de trilha, aqueles mais grossos cheios de garrinha.

Ja senti a diferença logo no primeiro dia, a bike ficou bem mais pesada e o esforço físico bem maior, senti que ali o negócio realmente ficou sério.Eu, sempre acostumada a dar a volta na lagoa da pampulha em 45 minutos, gastei 1h10 com pneu de trilha, isso por que ainda não tinha colocado o bagageiro, por que o Kico me pediu pra colocar e ir acostumando.

Então começaram-se os treinos e em dezembro eu arrumei uma  gripe brava, treinar gripada é uma coisa complicadíssima  por que seu rendimento cai pela metade,  mas desafio é comigo mesma e então eu  ia todo santo dia, dava a volta na pampulha com meu pneu de trilha e o bagageiro, subia todos os morros possíveis, o primeiro dia de treino foi emocionante pra mim, foi a certeza de que realmente eu iria viajar, de que eu ia fazer o trajeto Juiz de Fora/Ibitipoca de Bike.Fiz ate alguns videos do dia a dia dos meus treinos esse ai foi o primeiro.




Quando finalmente chegou o dia da viagem eu estava super ansiosa,  o Kico me apoiou do início ao fim, a gente conversava todo dia pelo face, telefone, sempre altas dicas importantes  que foram fundamentais pra tudo dar certo.

Antes de ir, liguei pra Atual, (cia de ônibus que faz BH/Juiz de Fora) e perguntei se eles transportavam bike, por que, pra quem vai fazer cicloturismo e utilizar o ônibus como meio de transporte das magrelas é importantíssimo saber como deve ser feito o transporte da mesma,pra não ter surpresas desagradáveis na hora do embarque, como por exemplo, você ser barrado e não poder viajar, o que é um absurdo na minha humilde opinião mas isso é papo pra outro dia voltemos a viagem.

Tudo certo eles levariam minha bike o que ja me deixou bem tranquila, o Kico ja tinha me dito que eles levariam mas sabe aquele sexto sentido de mulher que fica assim liga e confirma não custa nada, foi o que fiz.Beleza o grande dia chegou e meu amigo me levou até a rodoviária com minhas bagagens e minha magrela que eu carinhosamente chamo de meu moreno...kkkk.

Mas deixa eu ir pra uns dois dias antes do meu embarque e contar um fato muito sinistro que aconteceu comigo, eu estava correndo atraz de muita coisa pra viagem, fogareiro, saco de dormir essas coisas que são necessárias, a ideia a princípio era acampar, mas devido as chuvas do período acabou que ficamos numa pousadinha por sinal muito boa, mas vamos a história.Eu liguei pra minha amiga Robertinha e pedi pra ela o saco de dormir marcamos de nos encontrar a noite e sai a Dona Leticia numa correria danada pra buscar o saco, eu estava sem lanterna (pois é jamais saiam de casa sem equipamento noturno pras magrelas) e quase chegando ao ponto de encontro com a  Robertinha eu levei um tombo feio que quase custou a minha vida.Minha roda da frente entrou num buraco que eu não vi eu cai, bati a cabeça e as costelas e fiquei dependurada no alambrado do viaduto. Foi horrível por que como tudo estava muito escuro se eu tivesse caído la embaixo ninguém teria visto.

O resultado desse tombo foi uma costela trincada e um alargamento minimo (graças aos céus) do osso do meu crânio pensei logo, ferrou a minha viagem, felizmente o neurologista e  o cirurgião Dr Daniel me liberaram pra viagem, os dois por coincidência andavam de bike também e tinha tido casos de pacientes que competiram de costela quebrada então eu com minha costela trincada seria fichinha.

Cada um é cada um, minha mãe me chamou de louca desde o primeiro momento, mas nunca disse: "não vai não minha filha", a única coisa que ela disse foi: "Toma cuidado" kkkkk.O engraçado é que a preocupação dela no inicio foi do Kico ser um  doido das estradas,  por que como nos conhecemos pela net através de uma amiga em comum nossa que mora em Dublin, ela não sabia da procedência do rapaz kkkk, mas eu confiei no meu lindo desde o inicio...PLENAMENTE.

A conversa da Amandinha ( nossa amiga de Dublin) com minha mãe tranquilizou minha velha e então isso me deixou mais tranquila tambem, por que mãe é mãe ne gente, sempre existe um tarado na esquina kkkkk.

Voltando ao dia da viagem la vai eu pra rodoviária,embarquei minha bike e finalmente o meu caminho começava a ser trilhado rumo a Ibiti. Chegando em JF o Kico estava la pontualmente me esperando na rodoviária, desembarcamos a magrela e fomos ate a casa dele de bike pra ja ir acostumando.A dor na minha costela incomodava um pouco mas não reclamei.Fui muito bem recebida na casa do Kico, ja de cara experimentei a iguaria do seu Manoelão (pai  do Kico) tomate seco hummmmmmmmm....deu água na boca aqui agora.

Fomos dormir confesso que uma noite bem agitada a ansiedade quase me matou, acordamos no dia seguinte e arrumamos tudo finalmente ali começou tudo.

Eu achei que sabia andar de bicicleta, mas uma viagem com bagageiro e alforje é completamente diferente a bike fica pesadíssima e a gravidade sempre nos puxa é o efeito âncora e lutar contra isso é super pesado.No morro até chegar a universidade eu ja senti o peso que seria, senti um pouco de dor, paramos um pouco mas continuamos assim que a dor passou.Passamos por dentro da universidade de JF(por sinal muito bacana) até sair na BR onde tudo realmente começou.

Subida do morro pra chegar a universidade de JF


Quando chegamos na BR eu senti uma coisa indescritível, não sei se vou conseguir passar pra vocês mas eu senti que realmente era dona de mim mesma, a liberdade de espírito foi total e então eu entendi quando o Kico me dizia que eu era passarinho.Foi meu primeiro voo de verdade rumo ao infinito,ver aquela estrada enorme a se perder de vista foi maravilhoso, então olhei pra frente e  vi o Kico ali  me guiando e dando um show de aula.Entendi exatamente o teor das conversas que tínhamos pelo face, pelo telefone a respeito da sensação que ele sempre me dizia.Eu senti que ali ele estava em paz, na estrada, sentindo o vento no rosto e partindo pra mais uma viagem, pra mais um aprendizado....sim por que meu professor também é aluno.




No inicio da viagem tivemos uma pequena e linda surpresa kkkk mamãe pata esqueceu os filhotinhos pra traz na beira da estrada, eu e Kico tivemos que parar pra ajudar a pequena família  foi muito engraçado o Kico correndo atraz dos patinhos na beira da estrada e eu tentando cercar os danadinhos, passavam por baixo das nossas pernas, corriam de um lado pro outro atravessavam a BR e o Kico correndo atraz dos bichinhos....kkk....eu pegava eles na mão e ficava doida uma gracinha owwwww......O Kico me dizia pega, pega, pega....kkkkkk foi uma situação engraçada.

Paramos varias vezes pra comer durante o trajeto pra Ibiti é importante levar pequenos lanchinhos pra se comer de duas em duas horas por que o corpo sem energia não da conta.Levamos frutas, barrinha de cereal e fomos comendo pela estrada a fora.

Não fizemos o trajeto pra Ibiti todo no mesmo dia, dormimos a primeira noite no sitio do Caseh um amigo do Kico super gente boa que inclusive fez parte da viagem do Kico no projeto deles Nova Origem.Vale a pena demais ver essa historia dos meninos.

No dia seguinte depois de uma boa noite de sono, seguimos viagem, pegamos estrada e a paisagem ia se transformando a cada pedalada, o dia estava fresco caindo uma  garoinha de leve, o que pra quem esta viajando de bike é uma  benção por que o sol não castiga.

Ja em Lima Duarte fizemos uma parada por que minha bike teve alguns probleminhas que foram sanados rapidamente e eu fiz a melhor aquisição da minha vida um bom selim....meu DEUSSS se eu não  tivesse comprado esse selim sinceramente não teria dado conta do trajeto. Importantíssimo, tenha um ÓTIMO selim pra viajar faz toda diferença.

A paisagem finalmente mudou de vez montanhas a se perder de vista, flores por todos os cantos, as matas verdinhas agradecendo a chuva que caia mansa refrescando tudo.No caminho um tucano lindo nos deu o ar de sua graça e o Kico me disse que ver um tucano era sinal de que o dia seria bom.E realmente não teria como ser ruim.

O cheiro de chuva, de terra de mato iam me purificando o coração e a mente o trecho pra Ibitipoca é mágico é algo sem explicação, fui pensando muito na minha vida, por que é incrível quando andamos de bike meditamos sobre tudo o tempo todo.

Não acreditei que estava ali naquele lugar lindo, realizando um sonho que com certeza mudou toda história da minha vida.









Os morros pra Ibitipoca são sinistros é um desafio descomunal não vou dizer que foi fácil por que eu quase desisti, eu disse quase, por que o Kico acabou me apelidando de mulher disposição, e haja disposição por que nos dois últimos morros antes de chegar em Ibiti eu tive que descer da bike e ai foi braço messsmo emburrando e lutando a bike que parecia uma ancora me puxando pra traz o tempo todo.O Kico me ajudou em alguns trechos mas em outros era impossível por que ele também estava levando peso e ai galera é cada um por si.Chorei duas vezes na subida a dor na minha costela era enorme e minha coluna doeu muito também  o morro castigou pela foto da impressão que o negocio é tranquilo mas na real vocês  não fazem ideia.

Parei muitas vezes no meio do morro e me vi sozinha em vários momentos.Houve um deles que foi quando chorei de verdade pedi força pra Deus e aquela força veio na forma de uma passarinho lindo que pousou no galho de uma flor na minha frente e ficou me olhando.Eu fechei os olhos dei uma respirada e segui adiante empurrando, o suor me molhou inteira perdi o Kico de vista e ali era eu contra eu mesma.E que batalha essa luta da gente contra a gente mesmo.





Quando chegamos no vilarejo de Ibiti, mortos de cansaço, de fome e de tudo que vocês imaginarem foi o grito de vitoria dei aquele abraço no Kico e so o grito de Uhuuuuu...SUPERAÇÃO TOTALLLLLL......a mulher disposição chegou finalmente.

Foi incrível chegar ao destino, foi incrível vivenciar todos aqueles momentos comigo mesma, com as paisagens indescritíveis, com o gosto do pão de canela iguaria tipica do lugar, com o Kico meu anjo guardião nessa jornada.

Nosso passeio ao parque estadual do Ibitipoca também foi muito legal, fizemos uma caminhada de sete horas sem nem perceber o tempo passar, aliás quando se faz uma viagem dessa não se pode ficar pensando em tempo...o negócio é viver o momento.Bromélias de todas as cores, formas e tamanhos explodiam por todos os cantos, cachoeiras e mais cachoeiras nos presenteavam a cada curva a cada paisagem.Grutas e paisagens descomunais nos davam o ar da graça mostrando a beleza e a fragilidade de todo ecossistema.








É impossível me lembrar dessa viagem e não me emocionar, fui cheia de dúvidas e continuo com muitas delas, mas de uma coisa tive certeza a bicicleta me levou bem mais além do que eu esperava.Me trouxe surpresas lindas uma"varanda" diferente a cada dia.

Tudo foi especial vivenciar isso so mesmo se você fizer pra poder explicar tudo que senti e talvéz nem mesmo assim porque cada experiência é unica...Cada ensinamento foi muito bem absorvido, cada momento foi especial, foi uma transformação dentro do meu coração.

Foram dias especiais em que me apaixonei de vez pelo cicloturismo e sinceramente so vou parar quando meu coração parar de  bater,,,talvez nem mesmo assim vai que la no céu tenha outras estradas e outros caminhos pros ciclistas que passam desse plano pro outro ne?

Sempre serei grata a vida por essa linda oportunidade que me mudou em todos os sentidos, mas sempre serei grata ao meu lindo, que me fez ver que se a gente tiver vontade, mas vontade mesmo o resto é o resto...Kico Zaninetti a você o meu muitíssimo obrigado.











2 comentários:

  1. Minha linda, que privilégio e prazer ter compartilhado essa viagem com você e isso foi o primeiro passo para estarmos juntos hoje, coisa que agradeço muito por você fazer parter da minha vida agora.

    Essa foi uma viagem realmente incrível e você merece mais do que ninguém a alcunha de "Mulher Disposição"!

    Beijo grande e apronte suas malas pra nossa ida pra Lapinha!

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Fomos presenteados na vida um do outro meu bem...Ja estou prontinha pra Lapinha...Partiu???Beijosss

      Excluir