Eu sempre quis fazer a travessia da Lapinha, ficava
encantada com as fotos dos meus amigos
que fizeram era meio que um sonho.
A princípio quis fazer o trajeto de bike, mas meu irmão logo
me convenceu do contrário pelas dificuldades que eu encontraria, porém na
Lapinha descobri que existe uma trilha específica para o ciclo turista e com
certeza em breve pretendemos fazê-lo.
Pois então nossa aventura começou no dia 28 de março antes
do feriado, digo nossa por que eu e o Kico planejamos essa viagem com muito carinho e expectativa.
O Kico chegou aqui em
BH na quarta a noite já era bem tarde, organizamos as mochilas no mesmo dia o
que nos facilitou bastante a correria do dia seguinte por que acordamos um
pouquinho atrasados.
A linha que faz BH /Santana do Riacho é a Saritur o valor da
passagem R$ 32,20* e os horários são
esses:
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Saída
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Prev. Chegada
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Frequência
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BH-Santana do Riacho
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07:30
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11:00
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Todos os dias
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BH-Santana do Riacho
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15:30
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18:30
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Todos os dias
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Santana do Riacho-BH
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06:00
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09:20
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Seg. à sexta
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Santana do Riacho-BH
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14:00
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17:55
|
Seg. à sexta
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Santana do Riacho-BH
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05:45
|
09:20
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Sábado
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Santana do Riacho-BH
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14:30
|
18:25
|
Sábado
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Santana do Riacho-BH
|
08:00
|
11:20
|
Domingo
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Santana do Riacho-BH
|
17:00
|
20:55
|
Domingo
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Santana do Riacho-Lapinha
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18:45
|
19:15
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Sexta
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Santana do Riacho-Lapinha
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13:45
|
14:15
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Domingos
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Lapinha-Santana do Riacho
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14:30
|
15:00
|
Domingos
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Lapinha-Santana do Riacho
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19:30
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20:00
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Sextas
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*Ônibus diário da Saritur (0xx
31 3272-8525 - www.saritur.com.br) para Santana do
Riacho. Esse valor foi dessa data que
fomos 28/03/2013 é bom dar uma ligada antes pra ver se o preço continua o
mesmo.
Deu tudo certo pegamos o ônibus na hora certa e ainda deu
tempo pra tomar um café antes do embarque.Nós pegamos o ônibus das 07:30 e chegamos dentro do previsto.
No caminho para Santana do Riacho fui admirando a mudança de
paisagem que vai acontecendo como mágica, do asfalto e fumaça vão surgindo as
lindas formações rochosas e a vegetação típica da região da Serra do Cipó.
Quando chegamos a Santana do Riacho paramos pra comprar
algumas coisas que ficaram faltando e ficamos esperando o ônibus da prefeitura que leva os moradores,
turistas e aventureiros ate o vilarejo
da Lapinha.
Me senti naqueles ônibus da Colômbia so faltou porco e
galinha mas foi super engraçado e gostoso ver todo mundo interagindo e curtindo
aquele momento.
No caminho de Santana do Riacho até a Lapinha a paisagem vai
se transformando e a mágica acontece, paredões e mais paredões se erguem de
todos os cantos, arvores de todas as formas e cores, flores dos mais variados
tipos.
Um caminho lindo cheio de formas delicadas que nos enchem os
olhos e o coração de saber que mesmo tão frágil esse bioma sobrevive e se reinventa, tudo se
interage num biótopo perfeito e sincronizado.
Se dentro do ônibus já estava encantada com as paisagens,
fiquei imaginando o que nos aguardava e a expectativa aumentou ainda mais.
Quando chegamos no pequeno vilarejo da lapinha me deparei
com um lugar encantador e bucólico, o camping que ficamos simplesmente lindo e
muito bem estruturado além do atendimento do restaurante ser nota mil.Camping das Bromélias bem estruturado e barato também R$ 22,00 com cafe da manha.
Montamos nosso acampamento e já fizemos amizade fiquei bem
impressionada com a facilidade que o Kico tem de se interagir com tudo,
pessoas, ambiente, montagem e organização das coisas.O que achei ótimo por que
eu sou bem assim também..rsrsrss.Aprendi muita coisa com ele nessa viagem o que
vai me servir com certeza pro resto da vida.
O Kico baixou o caminho da travessia pela internet e lançou
no GPS, claro buscou informação pra saber se era seguro antes e fez pesquisa
prévia o que é bem importante.
No dia que chegamos fomos logo conhecer uma cachoeira que
tem bem pertinho do vilarejo da Lapinha lindíssima por sinal, o Kico matou a
saudade dando um Jump la do alto, parecíamos
crianças em meio a tanta coisa linda sem saber pra onde olhar descobrindo cada
cantinho.
A trilha dessa travessia é muito
confusa, pois não é uma trilha convencional que estamos acostumados a encontrar
e sim caminhos que foram marcados no
terreno pelo gado dessa região e pelos moradores do local quando se locomovem
de um ponto para o outro, e por isso tem caminho para tudo que é direção.
Nossa nova amiga do acampamento
acabou desistindo de nos acompanhar, a principio ficamos pesarosos mas la na
frente vimos que foi a decisão mais acertada que ela tomou.
Iniciamos então nossa jornada de 3
dias, mal sabíamos as aventuras, encontros e emoções que nos encontrariam pelo
caminho.
Acordamos cedo, a noite ventou muito
o que nos proporcionou um dia mais claro pela manha, por que pegamos muita chuva
e conseqüentemente neblina e mais neblina, o vento da noite ajudou a dissipar
algumas nuvens que encobriam as belezas escondidas.
Tomamos um café reforçado e partimos,
a primeira parte da travessia é como todos os
blogs e sites que pesquisei disseram bem puxada mesmo.Muita subida e
tem que ter um mínimo de preparo físico e também mental conseqüentemente.O
trabalho de respiração e concentração tem que ser constante um erro e acabou o
passeio de todo mundo.
Já no inicio da subida eu e Kico nos
deparamos com um belo espetáculo da natureza, um paredão gigantesco e pequenos
riachos de água cristalina, sentamos e ficamos extasiados com tamanha beleza,
ao fundo parecido com uma pintura, uma cachoeira belíssima.O único barulho que
escutávamos era o barulho do vento que vinha “adoçando” e curando nossos
ouvidos “poluídos” de cidade grande.
Na primeira subida pela encosta,
literalmente um jardim de Pepalantus ou como é popularmente conhecida “Sempre
Viva”, de vários tamanhos e formas o Kico tirou uma foto abraçando um e eu tirei uma foto belíssima com o lago da
lapinha ao fundo.
A paisagem ia se transformando e
ficando mais difícil a cada km percorrido o que apesar do desgaste nos
fascinava, tínhamos que observar o caminho, o GPS e todos os detalhes ao nosso
redor.
Por várias vezes ficamos em silêncio
durante o passeio, eu olhava o tamanho
descomunal dos paredões que iam se erguendo km por km, paisagem por paisagem.
Chegamos num abrigo que tinha no
caminho, uma casinha linda, bem rústica emoldurada no meio do vale, um grupo que já estava la conversavam, comiam e
descansavam para continuar a subida.Eu e Kico colocamos as mochilas no chão e
fomos fazer nosso lanche e claro dar uma pausa pra contemplação inerentes do
lugar.
Já recompostos continuamos nossa
subida, o Kico escolheu o caminho do Pico do Breu(mais pra frente explico o por
que do nome) que apesar de mais difícil com certeza é o mais bonito, aliás na
Lapinha não tem como nada ser feio.
Enquanto subíamos, distraidamente eu segurei
num galho infestado de marimbondos, ai pessoal foi um Deus nos acuda danado eu
gritava: “Ai ta doendo, ta doendo “ e o Kico me empurrava e gritava do outro: “Vai,
vai, vai é marimbondo”, ate eu me dar conta que foi um ataque e dos violentos,
demorou um pouquinho, eu achei que era espinho(kkkkk) ate olhar pro meu
tornozelo que ficou literalmente preto de marimbondos, nunca subi um morro tão
rápido na minha vida.
Quando finalmente chegamos num lugar
mais seguro que fomos ver o estrago, fazia muito tempo que não tomava tanta
ferroada desses bichinhos, que eu contei foram 8 ferrões, perna, mão,bunda,
braço o Kico tomou nas pernas e no rosto coitado ficou bem inchado.
Devidamente cuidados (passamos uma
pomadinha própria pra isso) continuamos nossa
trilha durante um bom trecho senti muita dor das picadas, o capim
passava pelas pernas e eu sentia fincadas terríveis.O Kico não viu, mas eu
chorei por duas vezes de dor, faz parte da aventura(risos).
Erramos um pouquinho a trilha o que
não deixou de ser bom também, por que pudemos ver a Lapinha de um ângulo bem
bacana, deixamos as mochilas e subimos.Dava pra ver tudo mesmo com o tempo nos
favorecendo pouco e a densa neblina que cobria quase tudo.Esse momento foi um
dos momentos especiais pra mim.
Decidimos então descer e continuar
pelo caminho certo que o GPS indicava, e
enquanto descíamos, encontramos um grupo de oito pessoas descansando, interagimos com a galera e em conversa vimos
que eles iam fazer a travessia também.Convidamos a galera a ir conosco e nos
tornamos dez , não dez pessoas mas dez companheiros e amigos de viagem.
O Kico foi nosso guia, impressionante
a confiança que todos tivemos na sua sabedoria de professor e aluno da estrada,
eu fiquei muito orgulhosa do meu lindo vendo o profissionalismo e a seriedade
com que ele foi nos guiando.Sempre sério, calado e muito compenetrado, afinal
de contas, antes éramos só nós dois, derrepente querendo ou não ele se tornou o
responsável por dez vidas incluindo a dele claro.
E fomos todos, fiz amizade com todo
mundo, brincava com todos, ríamos muito, batizei com apelido um dos integrantes
do grupo que acabou se tornando Sol
e melhor de tudo é que pegou..rsrsrssr.O
Wegis(Sol) colocou uma lona amarela enorme amarrada na mochila dele e so se via
o ponto amarelo no meio do vale de Pedras parecida realmente um sol..kkkk.
Enquanto íamos interagindo pra
quebrar aquele clima de “nossa não conhecemos esses dois doidos que encontramos
no meio do nada”, a paisagem novamente ia se modificando e paramos todos no
meio de um Jardim de pequenos arbustos de flores rosas e muitas espécies endêmicas de orquídeas.
Tivemos ali em meio a tanta beleza cada qual
o seu momento, cada qual no seu silêncio o olhar do Kico me acalmava sempre e
me dava muita segurança.
Considerações feitas e fotos tiradas
continuamos nossa subida, as mochilas já começavam a pesar, o caminho árduo mas
o alivio vinha quando olhávamos ao redor e víamos nosso lindo e majestoso “quintal”.
Finalmente chegamos no topo do Pico do Breu
totalmente encoberto pela neblina não conseguimos ver o que a mãe natureza
havia reservado pra gente por traz das nuvens mas tínhamos a certeza que era majestoso.
Porém mesmo não conseguindo ver um palmo a
nossa frente, encontramos mini florestas de musgos pelo chão formando paisagens
surreais bem Jurassic Park mesmo (risos) que se misturavam com belas bromélias que nasciam tímidas no meio das
pedras.
Hora de continuar nossa longa caminhada até a
primeira parada a casa da Dona Ana Benta um ícone da Lapinha, a interação entre
todos ia so melhorando, percebi que o pessoal não tinha experiência em trajetos
longos como esse, mas todo mundo se ajudava e cuidava e isso foi muito bonito
de se ver, sendo assim até o ultimo dia .
Abrimos a primeira porteira (de infinitas que
ainda íamos abrir, pois a travessia é feita cruzando muitas fazendas) e
começamos a subir.Um labrador preto lindo nos encontrou pelo
caminho e foi literalmente nos guiando,
depois fiquei sabendo que ele faz essa travessia direto até tabuleiro e
volta.Então tivemos dois anjos da guarda o Kico e o labrador (rsrsrsr).
Depois de muito caminhar, de muito
subir e a casa da Dona Ana Benta não chegava nunca(risos) quando eu olho pra
frente nosso amigo labrador sentadinho no alto nos esperando e finalmente no
meio do vale numa das paisagens mais lindas que meu coração e meus olhos já viram,
surge a casinha da Dona Ana Benta, um alívio e uma emoção tomaram conta.
O Kico foi na frente claro ele era o nosso guia, já conversou e agilizou
tudo descarregamos as mochilas mortos e la estava ela, Dona Ana Benta,
pequenininha, cabelinho branco e olhar desconfiado típico dos mineiros do
interior.
O grupo que eu e Kico encontramos no
abrigo no inicio da subida já havia chegado, montado acampamento e já estavam
fazendo a comida, nós s ajeitamos nosso cantinho e começamos a montar nossas barracas e fazer nosso jantar.
Eu fui ajudando no que podia pra
agilizar e o Kico claro na cozinha também (risos), todo foram tomando banho,
pegando seu prato e se servindo.O cunhado da Dona Ana Benta o Sr Lucas fez uma macarronada com carne, arroz e feijão
que foi de degustar ajoelhada (daquelas de olhar pro céu e agradecer) e o Kico fez um caldo de inhame com a lingüiça calabresa que
levamos simplesmente perfeito.
Já de barriga cheia chegou a hora do
tão esperado banho em chuveiro de serpentina...lembrei da minha avó na hora e da casinha dela, pra minha infelicidade a água já estava fria
a lenha já estava acabando no fogão e eu acabei ficando sem paciência de
esperar e tomei banho frio mesmo....por sinal o banho mais frio que já tomei
por que la fora a cerração vinha com tudo eu tomei banho e lavei cabeça batendo
queixo...rsrsrsrr.....mas não perdi o bom humor.
O Kico e sua paciência ganharam,
tomou banho quentinho e ainda dormiu abraçadinho comigo espertinho (risos).Acordamos
no dia seguinte com uma chuvinha fina, tomamos nosso café, desmontamos nossas
barracas e nos despedimos da Dona Ana Benta com uma linda foto pra registrar
aquele momento e guardar pra sempre na lembrança.A simplicidade dessa gente humilde escondida nos paraísos naturais mineiros.
O Sr Lucas nos acompanhou até a
porteira onde seguiríamos a trilha ate a segunda parada a casa da Dona Maria. Este segundo dia é realmente bonito e surpreendente.
Paisagens distintas e de beleza ímpar atravessam nossas retinas. São riachos
transparentes que correm sobre pedras brancas e que são emoldurados por
vegetação típica do cerrado. São riachos de cor de cobre que lembram as águas
do Parque Estadual do Ibitipoca, também em Minas Gerais. São sempre-vivas de
tamanhos variados.
São sempre-vivas que secam, morrem, mas mesmo assim
continuam belas. São flores miúdas, porém valentes que sobrevivem em terreno
seco. São as mesmas flores que explodem em cores variadas, dando um matiz que
Van Gogh gostaria de ter pintado, caso as tivesse captado.
São rochas de tamanhos variados e, em sua grande
maioria, a 45 ° do solo, dando a impressão que alguém lá de cima, em uma brincadeira
de garoto, as jogou e as fincou na terra. São cactos diversos. São arbustos
secos. São arbustos vivos. São pequenas árvores, porém muito ajeitadinhas, pois
parecem que estão sempre prontas para ir ao baile da natureza e um jardim
imenso de lindas samambaias que lembrava muito o Congo porém o congo do
espinhaço.
Floresta de Samambaias Congo Mineiro
O trecho agora já não é tão difícil pois é mais
descida que subida chegamos a casa da Dona Maria e já estava lotado o camping também
lotado eis que nosso anjo Kico sai no meio do mato e encontra um lugar maneiro
pra gente montar nosso acampamento..kkkkk.
A chuva não dava trégua, tudo alagado mas montamos
nossas barracas nesse lugar e fiquei feliz por conseguirmos mais um lar por
mais um dia, o camping totalmente selvagem, sem banho , sem o conforto a qual
todos estavam acostumados, todo mundo se adaptou super bem.
O Kico e os meninos conseguiram ate acender uma
fogueira na chuva fina, acreditem se quiser a persistência com certeza nos leva
a perfeição ou pelo menos ao inicio dela.Os meninos do outro grupo se deliciavam
aquilo era novo pra eles, percebi que aquilo foi a coisa mais especial que rolou pra eles.Uma volta ao tempo da pré História,
os homens em seu habitat mais que natural.
Eu e o Junior ficamos responsáveis pelo jantar por que
o resto estava deitado exausto dentro das barracas, fiz um macarrão com o resto de tudo que tínhamos,
cenoura, cebola e o tempero que o Kico ficou de entregar pro amigo dele que
mora em Tabuleiro a pedido do pai que mora na Lapinha, sim é o sedex 10 da selva
e chegou são e salvo(risos), so o Kico mesmo.
Jantar pronto, acampamento montado hora de nos aquecer na fogueira dos meninos e
foi uma farra, bebemos um pouco de conhaque e cachaça pra aquecer o peito, o
frio estava cortando a pele, chegava doer o peito.Os pés imundos de lama e la
estávamos todos fazendo roda ao redor da
fogueira num ritual muito doido criado por nós mesmos. A noite víamos varias
luzinhas dos outros guerreiros que também faziam a travessia em seus
acampamentos espalhados cada qual pra um lado das montanhas.
Essa pra mim foi a noite mais difícil não pelo fato de
estarmos imundos, fedorentos e suados isso é o de menos, se vai pra esse tipo
de coisa esteja certo que luxo e conforto não estarão presentes , mas devido ao
frio, foi a noite que mais sofri, so não
passei mais frio por que o Kico e meu
isolante térmico conseguiram me esquentar(risos).Pra melhorar o saco de dormir
do Kico e o lençol que eu tinha levado ficaram todos molhados por causa da
chuva.
Aqui, acho que
é esse o cenário que leva o montanhista a aguentar tanto sufoco, tantas
adversidades. Bom, eu gosto muito da sensação de estar sentada em uma pedra,
sentir o vento gelado, estar aquecida por um casaco e ver o Sol dormir devagarzinho
e acordar mais preguiçosa ainda, enfim sensações que me salvam, por alguns
momentos, de um mundo enlouquecido e que me remetem para um dia-a-dia mais
simples, sem tantas preocupações, explicações ou disputas. Devidamente aquecida
pelo meu lindo , meu isolante e meu saco de dormir finalmente peguei no sono.
No ultimo dia eu e Kico fomos fazer o café da manha da
galera juntamos tudo que tínhamos e fizemos uma “bomba”(expressão que o Kico usou na hora)
leite, capuccino, café solúvel, aveia, chocolate picadinho e semente de Chia
além claro, das outras coisas que começaram a surgir biscoito, salaminho,
maionese e por ai vai.
Todo mundo abastecido hora de encarar a reta final mas
montanhas, mais paisagens lindas a Serra do Espinhaço nos abraçava por todos os
cantos, desfiladeiros, precipícios tudo
agregado ao nosso novo quintal.A trilha começou a ficar mais familiar e percebi
que estávamos chegando ao nosso destino a cachoeira do Tabuleiro, tomei
literalmente a frente, eu já sabia a trilha, já conhecia bem o caminho, foi
como chegar em casa mesmo.
Quando olhamos logo ali na frente, la estava ela,
linda monumental o volume de água incrível conseqüência das chuvas dos últimos dias,
ficamos todos admirando nossa anfitriã nos observar e nos parabenizar. É uma sensação incrível e indescritível de paz
absoluta visual para ficar na memória tal a colossal
paisagem que se forma. Foto pra tudo o que é lado e depois cada um foi pro seu
momento de introspecção e reflexão.
“Missão dada é missão cumprida” frase do
nosso guia e com muito orgulho meu namorado Kico que ficou la sentadinho também
no seu momento.
Foi emocionante chegar a portaria do parque e
lembrar desses três fantásticos dias, claro que não consegui descrever
fielmente todo o trajeto, são muitos detalhes mas tudo que me marcou esta aqui
registrado.
A nossa carona ate cipó veio e jantamos num
restaurante muito bom e que tem um PF divino arroz, ovo, carne, saladinha,
farofa para recuperar as calorias gastas e a constatação que foi um grande e
inesquecível feriadão.
Amigos, eis uma travessia clássica, com uma
navegação perfeita,tem que estar no “curriculum vitae” de qualquer montanhista
que se preze. Quem não foi, vai correndo.
Obrigada a todo mundo por todo aprendizado,
carinho e cooperação mutua...valeu cada momento, cada segundo!!
Que venha a próxima....
gostei de mais minha noiva esta pedalando comigo esta em fase de treinamento ainda pegando prepara físico mais vou indicar ela leticia tanara
ResponderExcluirOi Giovanni que coisa boa vai treinando com ela devagarzinho que ela rapidinho ganha condicionamento, ai vai ser so alegria!!
ExcluirAbraços
Oi minha linda, só agora terminei de ler o post hehehe
ResponderExcluirFicou lindo demais o relato, mas do jeito q vc fala parece que eu sou um ninja do mato. rsrs
Beijo grande e vamos fazer esse e outros caminhos mais e mais vezes!
Não é Ninja mas esta bem próximo viu lindo...rsrsrsr
ResponderExcluirPra todo mundo que não tinha experiência você deu aula sim!E foi chamado ate de anjo da Guarda kkkkkkk.Firulas a parte o trabalho foi de todos mas você ajudou muito.
E com certeza faremos mais e mais caminhos por ai!
Beijo
Nossa Leticia, adorei o seu post do blog!
ResponderExcluirMuito bem escrito, deu pra perceber toda a energia que você descreveu em palavras. Fui lendo e imaginando as paisagens, o cenário, a beleza e os contrastes da natureza. Fantástico!! E fiquei numa saudade enorme de sentir essa coisa que só na natureza "brava" mesmo a gente sente.
Parabéns pelo post e pela coragem!! beijo